sábado, 21 de julho de 2012

O Silêncio Da Madonna


Quando criança, Pasolini adorava olhar para os ícones com a Virgem, era tão fervoroso que chegava a acreditar que ela sorria ou se movia. Já poeta, ele incorporou os trações de humildade e pureza da Madonna em seus escritos. Em seus primeiros filmes, Accattone. Desajuste Social(Accattone, 1961) e Mamma Roma (1962) ele aludia à Madonna por intermédio de algumas mulheres da favela, respectivamente Stella e Mamma Roma. Em A Ricota (La Ricotta, episódio de Rogopag, 1963), Pasolini retratou a Virgem num quadro vivo que parodiava A Descida de Cristo. Seus retratos mais diretos da Santa Mãe estão em O Evangelho Segundo São Mateus (Il Vangelo Secondo Matteo, 1964) (imagem acima) e O Decameron (1971) . Muitas personagens femininas de Pasolini exibem a humildade e graça maternal típicas da Madonna. Elas falam e gesticulam pouco (talvez com exceção de Mamma Roma). À primeira vista o silêncio das santas (especialmente o de Mamma Roma na cena final), e seu comportamento reservado, concedem a elas uma qualidade iconográfica especial. Um olhar mais atento revela que, em cada filme, essas mulheres (aparentemente submissas e insignificantes) utilizam um aguçado senso de visão e uma linguagem não-verbal que abraça a pureza e a diversidade tão completamente que as torna sacrossantas (invioláveis). "Por que criar uma obra de arte se sonhar com ela é tão mais doce?"






Em Agosto


  Pasolini, A Vida Depois Do Sonho




Com Elder Gattely


Direção: Edson Bueno


Curitiba





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