sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pasolini & O Cinema: La Notte Brava, Mamma Roma & Il Vangelo Secondo Matteo


La Notte Brava (1959)
 

 

Dois jovens delinquentes romanos, Scintillone e Ruggeretto, tentam vender armas roubadas e acabam encontrando duas prostitutas, Anna e Supplizia, que vão ajudá-los. O filme se constitui em um verdadeiro thriller através da noite romana, dos night clubs à periferia, passando pelas caçadas da prostituição. A certa altura, a personagem Ana Laura (Priscilla Rozenbaum) dirá: “Essa é a minha longa noite de loucuras”.
Mamma Roma (1962) 


A prostituta Mamma Roma quer mudar de vida e de classe social, mudanças que lhe possibilitariam recuperar sua auto-estima e também o filho Ettore, um adolescente que vive fora de Roma para não presenciar a vida que a mãe leva. A decisão se dá ao casar com Carmine, seu ex-gigolô. Mamma Roma sonha com uma vida burguesa, em um novo quarteirão ainda em construção na cidade, mas suas esperanças se confrontam com a realidade. Este filme é um grande objeto de estudo para muitos pesquisadores do cinema, pelo fato de que seus planos e ângulações são fortemente inspirados em afrescos de Giotto, Caravaggio e outros grandes artistas plásticos.



Il Vangelo Secondo Matteo (1964) 



É geralmente tido como ironia que um dos filmes mais fiéis já feitos sobre a vida de Jesus Cristo – senão o mais fiel – seja obra de um comunista, o italiano Pier Paolo Pasolini. O Evangelho Segundo São Mateus é dedicado pelo diretor ao papa João XXIII e não tem nem uma única fala que não seja tirada tal e qual do texto do evangelista Mateus. Ao contrário dos filmes bíblicos que proliferavam nos anos 50 e 60, em Evangelho não há contextualização para facilitar a vida do espectador e, afora os figurinos, a rigor também não há reconstituição histórica – todas as cenas foram rodadas em locação, nas colinas áridas e então pobres da região italiana da Basilicata. O elenco é todo de não-atores – entre eles a mãe de Pasolini, como Maria, e o caminhoneiro espanhol Enrique Irazoqui, que faz Jesus e é um dos mais bem-sucedidos exemplos do dom do diretor para captar no rosto de seus intérpretes uma essência que fosse alheia à atuação. A sensação, proposital, é a de que se assiste a um documentário sobre Jesus. E, como os grandes documentários, Evangelho adquire por meio do real um caráter simbólico, que é reforçado pela fotografia em preto-e-branco, quase impressionista, de Tonino Delli Colli, e pela montagem do excepcional Nino Baragli. Por isso, apesar de um certo incômodo inicial causado pelo fato de as vestes dos sacerdotes judeus que condenam Cristo lembrarem muito os paramentos dos papas católicos – e também a despeito de Pasolini ter sido preso dois anos antes, em 1962, por desrespeito à Igreja –, o filme não demorou a ganhar a chancela do Vaticano. O que seria um tanto embaraçoso para um comunista, não fosse Pasolini o comunista em questão





                                                                               Em Agosto

                                      Pasolini, A Vida Depois Do Sonho


Com Elder Gattely

Direção: Edson Bueno

Curitiba




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