sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pasolini, A Vida É Doce, Edson Bueno



Mais um dia de Pasolini, impregnado de café e palavras (qualquer dia vou incluir o conhaque e, com tanto frio, seja o que Deus quiser!).  Mais um dia em que pensamentos e ideias fluem naturalmente (?) e onde o que importa não são as certezas, mas as dúvidas. Mais um dia de Pasolini, onde o vazio vai se apresentando e pelo menos uma outra certeza dá as caras: “Não, não tenha pressa de preencher o vazio. O grande segredo é mantê-lo até o último momento, como se você segurasse o orgasmo ao máximo, para permiti-lo todo quando não é mais possível segurá-lo!” Ok. Quando se pensa em Pasolini, tantas décadas depois de sua morte, duas palavras saltam entre os dentes: cinema e sexo. Ok! Tudo pode apenas ser uma obsessão contraproducente, mas com certeza é a herança pasoliniana, um mito a ser desvendado e desconstruído. O Pasolini que permaneceu, gostemos ou não, é mais o cara das imagens que o cara das palavras. Viajemos em suas palavras, mas não deixemos nunca de acreditar em suas imagens poderosas, afinal, uma imagem vale mais que... (ora, isto é um clichê muito do jaguara!). E como cada coisa acontecerá em seu momento e agora é a hora do alimento, o que custa lembrar frases desconexas que estão ligadas apenas pelo mistério escondido entre as sílabas? E vale ainda um exercício de adivinhação: o que disso, aí embaixo, foi dito e pensado pelo diretor italiano e o que é apenas associação? Palavras não mudam o mundo, pessoas mudam o mundo. Palavras mudam pessoas!
. “A vida... sim, apesar de tanta crueldade, é doce, apesar de toda escuridão, é inocente, apesar de tanta complicação, é simples, é pura...”
. “... que ao vosso amor venha juntar-se a consciência de vosso amor.”
. “... o tema central de minha obra é a dessacralização dos tabus sexuais, a coragem de se falar deles, de torná-los assunto de ciência.”
. “... o meu cinema não é exatamente cinema...”
. “A existência não é mesquinha: ela dá, e dá muito, e está disposta a dar tudo. O problema é que não estamos preparados para receber. Não temos espaço para receber suas dádivas.”
. “Somos sementes, mas seria uma infelicidade morrermos como sementes. Temos de nos tornar flores e temos de exalar nossa fragrância...”

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